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segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Rochaverá Corporate Towers recebe LEED Gold
Referência em construção sustentável no país, as duas primeiras torres do Rochaverá Corporate Towers acabam de ser certificadas pelo GBC – Green Building Council - com o LEED na categoria ‘Gold’. De propriedade do Autonomy Investimentos, o Rochaverá foi concebido pela Tishman Speyer, com projeto do escritório Aflalo & Gasperini. A construção está a cargo da Método Engenharia e o projeto de sustentabilidade é de responsabilidade do Grupo SustentaX.
Para a obtenção da certificação, o complexo de torres empresariais atendeu a quatro critérios: redução do consumo de energia e dos custos operacionais e de manutenção; diminuição do uso de recursos ambientais não renováveis; melhora da qualidade do ar interno do edifício; melhora da qualidade de vida e da saúde dos usuários, otimizando a qualidade do ambiente construído.
As quatro torres do empreendimento envolvem investimentos de R$ 600 milhões. Os dois primeiros edifícios estão integralmente locados, assim como a torre ‘C’, cujas obras devem ser concluídas em 2010, e a ‘D’ foi negociada antes mesmo do início das obras, de acordo com Luiz Henrique Ceotto, diretor de Design & Construction da Tishman Speyer.
As fachadas inclinadas dão identidade aos edifícios, que têm 17 pavimentos e 58 mil m2 de área locável. Com 11 elevadores cada um – sendo oito sociais, distribuídos em zona baixa e alta, um de serviço e outros dois que darão acesso às garagens – os edifícios têm andares tipo com pé-direito de 2,8 m e um vão livre entre 11,5 m, e mais de 20 m em torno de um núcleo de serviços, proporcionando áreas totais de 1,6 mil m2 a 2 mil m2.
LOCAL
Localizado na Avenida das Nações Unidas, ao lado dos shoppings Morumbi e Market Place, o Rochaverá oferece acesso direto a dois dos principais centros comerciais de São Paulo, além de fácil conexão com todas as regiões da cidade, em função da proximidade de importantes avenidas como a Marginal Pinheiros, Luis Carlos Berrini, Roque Petroni Junior e Jornalista Roberto Marinho. O complexo também está integrado com a Estação Morumbi do Trem Metropolitano, já em operação, cuja linha será futuramente interligada com a linha quatro (amarela) do Metrô. Além disso, a integração com a região foi concluída com o projeto de complementação das calçadas e de alargamento de um trecho da Avenida Chucri Zaidan, que serve como alternativa de trajeto para aliviar o tráfego local.
ÁGUA
O engenheiro Luiz Henrique Ceotto revela que as soluções empregadas para uso e conservação da água resultaram em redução de 50% de consumo. Num edifício de porte semelhante, na média anual são consumidos 197 litros por metro quadrado, contra 122 litros por metro quadrado do Rochaverá. “Implementamos, basicamente, o tratamento de água de chuva, da água cinza - de lavatório - e da água de condensação das torres de resfriamento. Depois de tratada, essa água é encaminhada para as torres de resfriamento e irrigação de jardins”, explica. Neste momento, a Tishman estuda a possibilidade de implantação de ETE – Estação de Tratamento de Água de Esgoto, o que reduziria o consumo total para 57 litros por metro quadrado.
ENERGIA
A economia de energia elétrica no Rochaverá foi da ordem de 10,5% em relação ao edifício padrão da norma técnica internacional ASHLEY. “Já pelo padrão brasileiro, um edifício como esse consome 40,96 kWh/m². Nós vamos cair para 22,40 6 kWh/m², o que representa quase 50%”, comemora Ceotto.
Ele elenca as várias tecnologias empregadas que colaboram para a eficiência energéticas dos prédios, a começar pela automação de toda iluminação. “Nas áreas próximas das fachadas, a iluminação dos escritórios pode ser reduzida ou desligada para aproveitar a luz solar. Isto é feito automaticamente, através de sensores”, explica o diretor da Tishman Speyer.
Os elevadores instalados são de alta eficiência, dotados de sistema de otimização de tráfego. “O usuário, ao se identificar na recepção do prédio, informa o andar onde deseja ir. Ao inserir o crachá na leitora da catraca, um painel do próprio equipamento informa o número do elevador que a pessoa deverá utilizar. Fica, inclusive, dispensada a necessidade de apertar o botão no painel do elevador para pedir o andar. O elevador ‘conversa’ com a catraca e já sabe para qual pavimento deve se dirigir”, conta Ceotto.
A economia proporcionada chega a 30% da energia gasta pelo elevador em relação aos convencionais. “Porque, além da otimização de tráfego, ele é dotado de sistema regeneração de frenagem”, diz o engenheiro explicando que a frenagem dos elevadores convencionais é obtida através do atrito, o que leva à perda dessa energia pelo calor. “Os motores dos elevadores do Rochaverá freiam por sistema eletromagnético. Na frenagem, eles se tornam um gerador e armazenam essa energia num banco de capacitores que é utilizada para a próxima partida”, destaca.
O sistema de ar condicionado também se caracteriza pela alta eficiência energética. “Trata-se do sistema de ar condicionado com chillers de primário variável. É uma tecnologia que consome menos energia no transporte de calor de dentro para fora do prédio. Através de uma central, esse sistema opera em conjunto com geradores de energia com motores a gás. O calor do escapamento e do motor do gerador se transforma em frio. Com isso, cerca de 20% de todo frio do prédio é obtido através desse processo”, revela Ceotto.
A renovação do ar do edifício – procedimento que num prédio convencional é feita 20 vezes/hora -, no Rochaverá ganhou a ajuda de sensores de gás carbônico que troca o ar somente quando necessário. A solução reduz o gasto energético com o ar condicionado, pois otimiza a renovação em ambientes onde há poucas pessoas trabalhando.
Nas fachadas cortinas, foram empregados vidros de alta eficiência energética que fazem com que a luz passe para o ambiente deixando a maior parte do calor do lado de fora. Laminados, esses vidros asseguram isolamento acústico – benefício que contou, ainda, com o tratamento acústico de todas as casas de máquinas. “Conseguimos uma redução de ruído em torno de 35 Db, o que é um excelente índice”, afirma o diretor.
MAIS CONFORTO
A Tishman Speyer fez a descontaminação do terreno onde o complexo foi erguido, ação necessária porque a área abrigou uma indústria de fertilizantes no passado. Atendendo exigência do LEED, foi providenciado bicicletário para os usuários do edifício. A região do edifício é ainda servida por linhas de ônibus e trem. O estímulo ao uso do transporte coletivo resultou na criação de um mínimo possível de vagas de estacionamento, “porém, acima do que o LEED gostaria, afinal, não é uma opção fácil para as pessoas, principalmente pelos executivos”, comenta, referindo-se ao desconforto dos meios de transporte em São Paulo.
PAYBACK
Dos R$ 600 milhões de investimento total no complexo Rochaverá, as torres A e B consumiram a metade. “Essa obra ficou entre 2% e 3% mais cara na comparação com uma construção convencional. Através da economia proporcionada à operação do edifício, o payback é de três anos, principalmente se o edifício for locado rapidamente, o que ocorreu com os dois primeiros edifícios”, enfatiza o diretor.
Segundo ele, como a Tishman administra a operação dos prédios comerciais que desenvolve em todo o mundo, é sua política investir em sustentabilidade. “Existe uma grande dicotomia da indústria da construção civil, ou seja, quem investe não é quem se beneficia e, normalmente, quem se beneficia não acredita naquele investimento e não paga mais por isso. A Tishman é tão ligada a sustentabilidade por que atua simultaneamente nas duas pontas”, explica. Nem por isso a locação é mais cara. Deveria, segundo Ceotto, porque o cliente vai pagar um condomínio muito menor. “O condomínio de um edifício como Rochaverá é 30% menor do que o de um prédio convencional”, conclui.
Fonte: Redação AECweb
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